No passado dia 14 de Outubro, realizou-se o Fórum XX Anos: Comemoração do lançamento da Rede de Bibliotecas Escolares, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Neste evento participaram entidades de vulto no domínio das Letras, Ciências e Gestão Documental, nacionais e internacionais, dirigentes políticos e, como não poderia deixar de ser, os mentores e impulsionadores da RBE: Eduardo Marçal Grilo, Isabel Alçada, Teresa Calçada e Guilherme de Oliveira Martins. Estiveram presentes os atuais dirigentes, Artur Santos Silva, Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, a Coordenadora da RBE, Manuela Silva, o Secretário de Estado da Educação, João Costa, o Secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado. Porém, o discurso mais aguardado foi o do Sr. Presidente da República.

Para além de lembrar a génese da Rede, que teve como antecedente o serviço itinerante de Biblioteca, promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian, registou-se a conferência do Diretor da Biblioteca Nacional de Alexandria – Ismail Serageldin – com comentário da escritora Lídia Jorge. Apesar das mudanças tecnológicas que transformam o modo como percecionamos o mundo, a biblioteca continuará a ser a guardiã da memória e o espaço onde a tolerância permite a convivência entre todas as ideologias e credos. E pela experiência relatada, jamais as máquinas poderão suprimir os homens. A humanidade encontrará nas bibliotecas as suas raízes e, acima de tudo, um espaço de paz e de reflexão. O dia foi de partilha, destacando-se a grande evolução que as bibliotecas escolares registaram, contabilizando-se, atualmente, 2426 bibliotecas escolares integradas na Rede. Estas bibliotecas permitem aos utilizadores o livre acesso aos documentos e à WEB, espaços confortáveis de trabalho e lazer e oportunidades de contacto com iniciativas culturais. Foram vários os testemunhos de experiências quer dos profissionais das bibliotecas, quer de jovens utilizadores que demonstraram não ser a biblioteca “um espaço acessório”, um espaço de “castigo”, mas antes “um espaço de inclusão que tem de estar no centro da escola”. São palavras do Secretário de Estado da Educação. E disse ainda:” Precisamos de tempo para as diferentes disciplinas se entrecruzarem na biblioteca, trabalhando em conjunto na realização de projetos”. O dia 14 de outubro é, também o dia em que se comemoram dois outros acontecimentos de grande importância na Educação em Portugal: a publicação da Lei de Bases do Sistema Educativo e a criação do Plano Nacional de Leitura. O sucesso deste plano assentou em muito no trabalho promovido pelas Bibliotecas, onde, a par das obras estudadas em sala de aula, as crianças e jovens foram incentivados a ler por puro prazer. Foi sublinhado que só teremos adultos cultos e bons leitores se os hábitos de leitura forem desenvolvidos em terna idade, na utilização informal da biblioteca.

O Sr. Presidente da República veio transmitir uma mensagem de solidariedade para com a Rede de Bibliotecas Escolares, uma vez que, também ele é professor, foi bibliotecário e sempre promoveu o livro e a leitura. Mostrou grande satisfação pelos resultados dos estudos PISA, que colocam os nossos alunos do 1º ciclo acima da média europeia em termos de literacia da leitura; o mérito é repartido por todos os agentes educativos, poder local, mas, neste conjunto, destacam-se as bibliotecas escolares na promoção da leitura. Os professores têm de ser portadores de esperança, mesmo em tempo de crise. O Sr. Presidente prometeu apoiar todas as iniciativas do Governo em prol do desenvolvimento da educação, um dos principais pilares da civilização.

Não faltaram à chamada os “Construtores do futuro” diversos alunos com hábitos de leitura, que partilharam com Ricardo Araújo Pereira (moderador) e com a plateia as suas vivências de leitura e a sua participação em projetos promovidos nas suas bibliotecas. O Encontro terminou com a intervenção do diretor da Biblioteca Nacional da Argentina, Alberto Manguel – com a mediação do escritor Gonçalo M. Tavares. A partir da sua mítica biblioteca pessoal, Alberto Manguel, um dos mais conceituados bibliófilos do mundo, falou-nos do seu livro “Biblioteca à noite” em que conta tudo o que sabe sobre a história, o fascínio e os enigmas das bibliotecas.

Muito fica ainda por dizer deste Fórum XX Anos, em que o Agrupamento Dr. Francisco Fernandes Lopes esteve representado pelos docentes Constantino Sousa e Norberta Sousa, professora bibliotecária.

Norberta Sousa